IPÊ AMARELO

A minha primeira ida a Belo Horizonte foi marcada por um episódio tão doce quanto o cafezinho que lá me recebeu. Um acontecimento que poderia ter passado despercebido, mas que, por sorte, meus olhos curiosos e atentos conseguiram captar.

Eu estava dentro do avião, já sobrevoando solo mineiro, com o rosto quase que grudado na janela. Devo dizer que sempre adorei ficar sentada na janela do avião, me apaixonando por aquela imensidão de céu azul, me derretendo com as nuvens de algodão doce ou me impressionando com a vastidão do mar e toda a sua beleza vista lá de cima.

Neste dia eu reparei nas árvores. Estávamos sobrevoando uma área bastante verde, com árvores de diferentes espécies. E meu olhar caiu em um pontinho amarelo, em meio daquela verde imensidão. O avião se aproximava do solo, as árvores iam crescendo de tamanho e o pontinho amarelo se revelou um lindo Ipê.

Devo dizer, também, que sempre gostei de Ipês. São árvores que lembram a minha infância e sempre trazem um quentinho para o coração,  por causa de memórias afetivas tão gostosas. Já vi muitos Ipês, de diversas cores, em diversos lugares. Mas nunca vi um Ipê tão bonito quanto aquele.

Aquele era único. Era amarelo, mesmo que todas as árvores ao redor fossem verdes. Era amarelo sozinho, sem precisar de companhia. Chamava atenção, mas não de qualquer um. Só quem tinha sensibilidade suficiente era capaz de olhar para ele e ficar arrepiado. Um espetáculo grandioso, que reverenciei com calma e encanto.

Foi lindo ver aquele Ipê Amarelo. Todo imponente, vestido de dourado. Todo resistente e forte. Todo poesia. Para mim, aquele ipê era o símbolo da individualidade, a beleza da singularidade, a sutileza do contraste.

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