PALAVRAS AO VENTO

Sempre dei muita importância para as palavras. Palavras escritas, palavras faladas, palavras cantadas. Talvez, para mim, palavras sejam fonte de segurança. Estão ali, registradas, intactas, prontas para serem lidas quando eu bem entender. Nunca soube como agir quando as palavras faltam, quando o silêncio reina, quando a folha está em branco. Ficava perdida, sem respostas, sem saber o que estava acontecendo.

Devoro palavras presentes nas páginas dos livros, sinto palavras nas minhas canções favoritas, brinco com palavras enquanto escrevo, firmo palavras enquanto falo. As palavras me rodeiam e me são íntimas: sempre nos relacionamos muito bem. Sei colocar sentimentos em frases escritas, como se os traduzisse, mas tenho consciência da raridade disso. Também tenho consciência de que, se estas palavras não estiverem de acordo com meus comportamentos, não valem nem 1 centavo. Minha mãe sempre diz: “De nada valem as palavras se as atitudes não forem condizentes com elas”.

É. Tem gente que fala coisas lindas, promete o mundo todo, tem o dom da palavra. Mas não age, não move o mundo, não realiza, não sai do idealizado. Fica tudo ali, ao vento. Palavras jogadas no ar, perdidas por aí. Neste momento eu me pergunto: são as palavras ou as atitudes que ficam eternizadas? O que é mais importante?

Sou daquele tipo de mulher romântica que precisa de um agrado verbal ao pé do ouvido, precisa ler um cartão, precisa de palavras que aconcheguem, de provas escritas de sentimento. Eu adoro isso, mesmo. Mas, ultimamente, tenho experimentado algo ainda melhor: faltam palavras, faltam expressões verbais, faltam letras e rabiscos – mas não faltam atitudes. E, apesar da estranheza e de pequenos espasmos de insegurança, estou adorando aprender a viver sem tantas palavras.

Descobri que atitudes também trazem segurança, que atitudes também declaram sentimentos, que atitudes dizem tanto quanto o blá blá blá. Confesso que acho muito difícil desvendar ações e interpretar o que elas significam. Sou poética. Lido melhor com sentimentos diluídos em palavras, com exposição, com intensidade. Mas é absolutamente fascinante aprender a ser segura sem a tão confortável combinação de letras.

Não adianta falar que ama e não demonstrar isso. Não adianta dizer que está com saudade e não abraçar forte na hora que encontrar a pessoa. Não adianta dizer que está apaixonado e passar o tempo todo longe. Não adianta dizer que se preocupa com a pessoa e não cuidar dela quando ela estiver doente. Não adianta falar. Tem que agir. As palavras são lindas, mas estão no vento. A gente não vê. No fim, o que importa é a atitude. A palavra é complemento.